27 de jan. de 2010

The Beatles - “Ganham milhões cantando mal”



“Ganham milhões cantando mal”-(The Beatles!?)
- Revista VISÃO, 1964 -






Sim, foi um texto com esse mesmo título, com a mesma foto que li, se não me engano, na revista Visão (uma espécie de IstoÉ ou Veja da década de 60). Eu, como muitos outros jovens da época, estávamos fascinados com a música e tudo mais que os Beatles traziam de novo em beleza, energia musical e mudança de costumes, além dos sonhos de mudar o mundo.

Sei que a maioria de vocês sequer sonhava nascer naquela época... Mas, podem estar certos que todos nós um dia teremos ou tivemos 15 anos, porém, o tempo vai passar e um dia teremos cinqüenta e tantos e continuaremos a valorizar muita coisa boa que gostaremos para sempre.
E Beatles, Stones e outros, me abriram um mundo novo, ainda mais eu, que vinha de um colégio onde tocava órgão, acompanhando pela partitura, obras de Palestrina, Praetorius, Bach, Haendel, Mozart, Beethoven, Schumann, Wagner etc.


Quando fui estudar em Belo Horizonte, mudou tudo – além do governo militar: a gente via nas bancas de revistas fotos dos Beatles e suas músicas tocavam o dia inteiro nas rádios. Nem sei mais qual me encantou primeiro, se foi Please, please, I wanna hold your hand ou She loves you, mas todas mostravam uma energia, uma capacidade musical incrível, seja na composição como na execução. Sobretudo, os vocais, até hoje insuperáveis, principalmente, John Lennon e Paul McCartney, grandes cantores solo que, cantando juntos com Harrison, faziam um vocal harmonioso, rico e cheio de vida.


Voltando ao título acima, que vi quando ainda estudava num colégio de padres alemães, onde interpretávamos canto gregoriano e eu tocava órgão durante as infindáveis missas e preces, pude ter acesso a estes Mestres que citei acima.


Um dia me deparei com esta foto, exatamente a mesma, e um artigo onde o articulista (se não me engano Sílvio Lancelloti – posso estar sendo injusto, pois infelizmente não guardei a reportagem) dizia que “Ganham milhões cantando mal” – se referindo aos Beatles que estavam começando a ganhar os Estados Unidos e o mundo com sua música contagiante.
Bem, sem mais detalhes. Existe até crítica construtiva e muita gente que entende o que está ouvindo e escrevendo sobre. Mas muitas vezes, eles escrevem verdadeiras asneiras, como esta.


Mas isto tudo passa e a boa música, como a dos Beatles permanece, inclusive, sendo apreciada pelas novas gerações. Este CD é muito interessante, pois contém muitas músicas que chamávamos de “lado B” - os discos compactos da época eram lançados com duas músicas, geralmente, porque a gravadora acreditava ter mais probabilidade de se tornarem um hit nas rádios. Acontece que, muitas vezes, a faixa do outro lado era tão boa que caia no gosto do público e as rádios acabavam seguindo. E com os Beatles tudo era surpresa, e sempre sucesso.

Apesar de Lennon ter certa razão quando disse que “O sonho acabou” - o sistema escravizou o mercado da música - e o que se ouve hoje em geral é música de péssima qualidade, ainda há esperança.
Muita música boa está acontecendo ou vindo por aí - mesmo que as emissoras de rádio e tevê ignorem - muita gente nova está interessada em música, seja estudando, compondo, se apresentando ao vivo, ouvindo e aprendendo. E, claro, sonhando com um mundo melhor. Também acreditamos nisso, que nossa Terra seja um Planeta Sonho para todos nós.


Na próxima vez, vou escrever sobre minha paixão pelos Rolling Stones que, se não eram tão sonhadores quanto os Beatles, tinham uma energia impressionante e continuam até hoje como a maior banda de rock’n’roll de todos os tempos.

Sei bem o que isto significa, pois, sem pretensão de nos compararmos a ninguém, temos o nosso estilo próprio, e vamos comemorar 30 anos de 14 Bis nesse ano. Temos planos de gravar um DVD com nosso amigo Flávio Venturini, que juntamente comigo, teve o sonho de fundar essa banda, reconhecida tanto pela nossa geração, quanto pela linda juventude de hoje.


Até a próxima,


Vermelho – 14 Bis